segunda-feira, 6 de junho de 2011

Feitiço

A enorme dor que me dilacera o peito,
Vai-se apoderando de mim, como um espectro,
Cambaleio, sofro… Já não me respeito.
Lançaste-me um feitiço com o teu ceptro.

Por ti, já verti muitas lágrimas de dor,
De olhar perdido no vasto horizonte.
Meu coração desfeito, não guarda rancor,
Mas colapsa nesta angústia crescente.

Nas verdes ondas do mar, revejo teus olhos,
No balancear das folhas, os teus cabelos,
Num sofrimento que me ceifa a razão.

Afasta-te de mim, fantasma do passado,
Que volta e meia me tens atormentado.
Vai-te de vez ! Nunca foste uma paixão !

2011 Vasco de Sousa

10 comentários:

Alvaro Santos disse...

Muito nostálgico, perdoe a sinceridade, mas nem parece escrito por si, não sei se é o facto de se prender ás rimas, ou por parecer não sentir muito o que diz.
E nem sequer é por ser um poema dorido, pois já tem escrito sobre a dor e muito bem.
Não fique aborrecido comigo, porque se há certeza que eu tenho, é que Vasco de Sousa é muito bom poeta.

Alvaro Santos

Maria Costa disse...

Oh Vasco de Sousa, eu sei que nem sempre as coisas saem como nós desejamos, mas neste soneto, onde fala sobretudo de sofrimento, falta-lhe convicção. Sente-se que está perdido, é como se as memórias doces o atraiçoassem, e lhe causem revolta.

Maria Costa

José Manuel Antunes disse...

Vasco de Sousa

sei que por vezes o que queremos dizer fica mais difícil quando nos condicionamos como é o caso a 14 versos, e mais a preocupação da rima e das sílabas. Já li e reli este soneto, e (atenção é só o que eu penso) na minha modesta opinião acho que se deixasse levar pelo coração e instinto e escrevesse mais livremente até sem ser em soneto, ficaria mais rico e mais Vasco de Sousa. Como sabe tem poemas lindíssimos e muito intensos e que não são sonetos, embora todos saibamos que tem especial predilecção pelo soneto
Um abraço de um grande admirador.

J.M. Antunes

Olinda Ribeiro disse...

Bom dia estimado amigo e poeta,
Se existe alguma coisa que sei, é que é muito difícil lidar com a dor mal resolvida do passado, tudo faz parte de quem somos, coisas boas e menos agradáveis, ganhos e perdas, mas temos que fazer o nosso melhor e deixar tudo arrumadinho dentro de nós, porém nem sempre é possível esta arrumação, e quando damos por nós tropeçamos nos nossos próprios fantasmas, ou nos que julgamos nos perseguem. Certo é que sei, que faz o melhor que pode e sabe,
por isso só lhe posso dar o meu apoio e um abraço cheio de admiração e profunda amizade.
E quando escrevemos da melhor forma que sabemos e nos é possível,
escrevemos com alma e coração, então escrevemos no limite máximo do nosso ser.
Claro que há quem aprecie mais ou menos, ou nem aprecie de todo, mas isso é um direito adquirido de todos nós.
Parabéns ao nosso autor pois o seu carácter e ética permite-lhe lidar sabiamente com todas as situações.
Um abraço

Olinda Ribeiro

Olinda Ribeiro disse...

Olá Vasco sou eu de novo, acabo de lhe reencaminhar um inteligente comentário do nosso leitor Leonardo Brito, pois percebi que o enviou para mim ao mesmo tempo que me felicitou pelo meu aniversário, porque o achei muito interessante, e achei que o Vasco ia apreciar foi com muito gosto que lho reenviei.
Um abraço

Olinda

Maria Luísa Salgueiro disse...

É muito complicado lidar com o nosso interior e com as nossas recordações, a única verdade é que se tivermos fé e perseverança o tempo será sempre o nosso maior aliado.


M. L. Salgueiro

Se quiser um pouco de calma, vá ler um poema da Olinda que já me tem valido em muita situações, e que me ajuda imenso. chama-se Zen

Vasco de Sousa disse...

Caros amigos e atentos leitores.
Quero que saibam que admiro a vossa análise e assiduídade.
É verdade que alguns sonetos são difíceis. Quase um quebra-cabeças, pois os seus condicionalismos são muitos, e os mais complexos são realmente as sílabas e as rimas.
Admito que sou um apaixonado pelo soneto, pois cada um é para mim um desafio, e por vezes eu próprio, também sinto que não transmiti a mensagem que pretendia. O sentimento fica como que, encoberto pela própria estrutura rígida do soneto.
Ao contrário do que possa parecer, aprecio muito as vossas críticas, pois para mim são muito construtivas e desafiam-me a fazer mais e melhor.
Muito obrigado.

Olinda Ribeiro disse...

Boa tarde Vasco de Sousa

Ao ler este soneto, fiquei a matutar de que forma o deveria comentar. Se é certo que não é dos melhores que escreveu, e até parece muito longe de si, por outro lado, tem a coragem de se expor, não o poeta mas sim o homem,o homem que se deixa desabar por dores e contrariedades que o perseguem, o Homem que mesmo através de um heterónimo está a tentar ser fiel a si próprio. Só gostaria que não utilizasse a palavra amaldiçoar, pois tem uma carga tão negativa, que só nos faz mais sofredores.
E as palavras são muito fortes, tão fortes que ecoam dentro de nós e nos fortalecem, e por força de tanto as repetirmos mesmo que só em pensamento, ganham vida própria.
um grande e forte abraço

Leonardo Brito

Vasco de Sousa disse...

Leonardo Brito, apreciei o seu comentário, que me fez repensar a utilização dessa mesma palavra que refere, não gostando de a ouvir, quando me coloquei na posição de leitor. Procedi a algumas modificações que me soaram mais adequadas.
Um abraço.
Vasco

Joana Fernandes disse...

Ainda bem que fez as alterações,
quando o li até fiquei petrificada, mas agora, até já compreendo melhor o que quer transmitir. E não perdeu nada do seu eu, pelo contrário ficou mais rico.

Joana Fernandes