Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idéia estertorava-se... No fundo
Do meu entendimento moribundo
jazia o último número cansado.
Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Increado:
Bradei: - Que fazes ainda no meu crânio?
E o último número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: "É tarde, amigo!
Pois que a minha ontogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!"
Augusto dos Anjos
segunda-feira, 31 de janeiro de 2005
O Último Número
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Augusto dos Anjos
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