terça-feira, 29 de março de 2011

Rainha no meu mundo

Sou alquimista de histórias,
Escrevo-as no firmamento,
Com gestos tão ternurentos,
Como os das tenras memórias,

De braço dado com a vida,
Caminhando a par e passo,
Guardando no meu regaço,
Milagre de rosa reflorescida.

Sou uma rainha do mundo,
E neste meu reino poético,
Abrindo os portões dos afectos,

Não hesito nem por um segundo,
Em dar o que em mim é filogenético,
Amor esculpido em todos os dialectos.

2011 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 28 de março de 2011

Gotas de chuva

Gotas de chuva batem leves na janela,
Acompanhando a música de fundo,
A lareira crepita… ilumina a sala,
Até parece perfeito, este Mundo.

Nestes dias, inunda-me a felicidade,
E até tenho medo de ser tão feliz,
Que aconteça alguma fatalidade,
Que me retire tudo o que eu sempre quis.

O vento embala as folhas, lá fora,
Nós, juntos, trocamos olhares cúmplices,
E todo o Universo pára ! Em sintonia…

É o teu calor que me aquece agora,
As tuas doces palavras e meiguices,
Ficaremos assim até que seja dia.

2011 Vasco de Sousa

Ventos de mudança

Pelos céus adensam-se sombras cinzentas,
Grandes bátegas caem sem piedade,
Avizinham-se pois terríveis tormentas,
Que não pouparão esta humanidade.

As temperaturas vão aos poucos subindo,
Os glaciares degelam lentamente,
Sinais vagos, que os animais vão sentindo,
Mas o Homem ignora completamente.

As forças da Natureza semearão,
Discórdia, caos e destruição,
Se não aprendermos o verdadeiro amor.

Agir com responsabilidade e respeito,
A geração vindoura tratar a preceito,
Ao fechar os olhos, espalhamos a dor.

2011 Vasco de Sousa

Jogos de palavras

As palavras são o que fazemos delas,
Meros fragmentos de uma realidade,
Podem limitar sentimentos, ao expressá-los,
Quando não as usamos com habilidade.

Mas por mais que eu possa tentar registar,
Tudo o que vejo ou tudo o que sinto,
Faltam as palavras para libertar,
Sentimentos, emoções ou mero instinto.

Existem porventura certas evidências,
Que impossibilitam este exprimir,
De momentos únicos; amar; ou sofrer.

E todas as palavras serão vazias,
Sentimentos que apenas se podem sentir,
Pois há coisas que não se podem descrever.

2011 Vasco de Sousa

sábado, 26 de março de 2011

Letras, números, e o meu pai…

… E levavas-me ligeira pela mão,
… Estrofeando um cântico contado,
Como se a tabuada fosse uma canção,
E o dois+dois um acto consumado.

Depois a lengalenga do alfabeto,
Num rodopiar de vogais e consoantes,
E como das prosas um disparo dialecto,
Fazias-me dizer frases vagas e inconstantes.

Tudo tem um propósito! Há que papaguear,
Não questionar o verbo apreendido…
Que o tempo, outros verbos fará conjugar,

Descobrirei pela vida o dom desse cantarolar,
Que em termos me deixou o cérebro exaurido,
Mas me ensinou a língua mãe bem articular.

1993 Lili (Olinda Ribeiro)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Doces momentos

Quando paro um pouco e fico a pensar,
A minha vida passa, célere, na mente.
Os bons e maus momentos eu volto a lembrar,
Algumas imagens seguem-se… lentamente…

Aos poucos, logo emergem ternas saudades,
Desses já longínquos bons tempos, passados,
Um brilho no olhar, ou sorriso entre dentes,
Paixões, desgostos, momentos inacabados.

Sobretudo, lembro o brilho do teu olhar,
A paixão em tempos despreocupados,
Em que a nossa vida tinha um sabor doce.

Entretanto, muitas alegrias nos trouxe,
E com orgulho nos anos já volvidos,
Teus lindos olhos ainda vejo a brilhar.

2011 Vasco de Sousa

terça-feira, 22 de março de 2011

Boas vindas à Primavera

Ainda agora chegaste e já sinto o teu odor,
Já as aves bailam e os céus se agitam,
Rodopiam raios de sol nas asas do vento,

Toda tu és um corpo feito de poema e amor,
Brotam cores, paletas naturais que crepitam,
Entoando sons lúdicos num suave movimento,

E tudo se reinicia, com um doce ressuscitar.
Todos os ciclos nascem do encantamento,
De ti minha irmã. Sapiente Primavera a chegar.

Recebo-te de braços e coração aberto.
E beijo-te em cada flor desabrochada,
E sonho-te assim água fresca no deserto,
E verdes prados onde não existia nada.

Boa Primavera e boa poesia para todos.

2011 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sonhei que era uma borboleta

Hoje, sonhei que era uma borboleta,
E que voava livre, lá bem pelo ar.
Esvoaçava com um ar meio pateta,
De quem é feliz porque consegue amar.

Alguns cobiçavam todo o meu esplendor,
O meu grande porte, a beleza ímpar,
E apenas a tal eles davam valor,
Sem verem a luz que os iria cegar.

Antes de borboleta, era uma larva,
Com todos os meus sonhos por realizar,
Mas nada se alterou, no que hoje SOU.

Só por rastejar, não me realizava,
Mudei, porque agora consigo voar !
Acreditei num sonho, e tudo mudou.

2011 Vasco de Sousa

O Sol da minha Primavera

Acorda agora o Sol da Primavera,
Iluminando estes prados verdejantes,
Terminando enfim uma grande e longa espera,
Após tantos dias tristes e já distantes.

O meu Inverno, que agora terminou,
Dará lugar a dias belos e brilhantes,
Serei forte. Mas sendo aquilo que sou.
Nada volta a ser tal como já foi antes.

Também se repetem os ciclos da vida,
Tal como as estações se vão sucedendo,
Como se já tivessem sido escritos.

O nosso caminho vamos percorrendo,
Superando firmes, cada encruzilhada,
Na Primavera: Viver os seus encantos !

2011 Vasco de Sousa
Início da Primavera e dia mundial da poesia.

Ensaio sobre a escrita

Lembro-me de que escrevo, sem qualquer desgosto,
Desde que me lembro de escrever…
Talvez o faça apenas por gosto,
Ou por necessidade de o fazer.
Composições, pequenos contos, depois histórias,
Pelo meio, algumas pequenas vitórias,
Poesias e versos de paixão e de emoção,
Que ajudaram a vencer o desgosto,
Que se apoderou de mim e invadiu-me o coração.
Gosto de as palavras organizar,
Aquelas que por vezes não as consigo dizer,
Soletro-as e alinho-as sem parar,
Porque é tão fácil, assim a escrever.
As alegrias, também as escrevo,
Mas talvez de forma mais superficial,
Pois, por tudo o que sinto e tudo o que vejo,
O desgosto o sofrimento e o mal,
Sentem mais anseios de ficar registados,
Talvez para poder aliviar o coração,
De outros que, igualmente preocupados,
Possam partilhar tais sentimentos em comunhão.
Quando escrevo, sinto que o faço por prazer,
Porque não consigo deixar de o fazer,
Mas não me vou mais alongar,
Escrever ? Isso nunca hei-de eu parar.

2011 Vasco de Sousa

domingo, 20 de março de 2011

Definitivamente eu.

Como descrever este reboliço
Ansiedade, fremência, inconstância,
Tudo numa amálgama de inconsonância,
Que me deixa sem propósito em vergadiço.

Se me tento aquietar, escureço como negrão.
Deito tudo fora solto-me ao vento,
Vou no deixa-ir sem abrigo nem tempo,
Ao serviço do nada, longa de insatisfação.

Despir completamente esta roupagem.
Enveredar por outras nuances e reflexões,
Quero saborear o desejo de mim, Amar.

Eu mesma! Sólida! Realidade! Nunca miragem.
Reconstruir-me, vivenciar todas as sensações.
Em cada palavra ser um verso por inventar.

2011 Olinda Ribeiro

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ao amanhecer, era eu uma criança

O caminho da vida começa no dia em que nascemos e segue em frente, quem sabe, em direcção dos céus Ao amanhecer, era eu uma criança,
Sôfrega do infinito amor materno.
Aos poucos cresci, repleto de esperança,
Encontrei no meu pai um amigo eterno.

Todo esse amor que me acarinhou,
Não preenchia um vazio crescente.
Naquela mulher, meu coração encontrou
uma companheira até ao Sol poente.

Logo depois, mas com toda a ciência,
Juntou-se, sobrepondo-se a todos eles,
O amor pelos filhos por nós gerados.

Ao fim do dia, com toda a paciência,
Sinto todos e cada um destes amores,
No baú de todos os carinhos guardados.

2011 Vasco de Sousa

quarta-feira, 16 de março de 2011

Lento despertar

Um novo amanhecer, um novo dia, uma nova esperança Estava eu sentado ali, na escuridão,
Sem poder sequer enxergar em minha volta,
Pois na minha mente, um pesado portão,
Mantinha-me no cativeiro da revolta.

Surgiu então um suave raio de luz,
Que me acordou deste entorpecimento,
Como se batesses nesta porta: Truz, truz.
E foi nesse instante que me veio alento.

Saí do canto onde me refugiei,
Procuro agora um novo caminho,
Quero pois, caminhar na tua companhia.

Já me recordo que outrora, viajei,
Refresco memórias, com o teu carinho,
Saboreio agora um novo e belo dia.

2011 Vasco de Sousa

terça-feira, 15 de março de 2011

Descoberta

Coro de alegria…
Não sabia que me lias.
E o meu coração cresce tanto…
E eu amo-vos tanto!
Queridas lágrimas! Doce pranto!
E numa fracção de segundo renasci…
E dei de novo há Luz!

Olinda Ribeiro
Aos meus filhos Catarina e Emanuel

Deixa-me entrar…..!

Deixa-me entrar… no teu quarto de bruma,
Aspergir-te com o meu perfume de frésias,
Entardecer junto de ti,… das altas falésias
Mergulhar no teu corpo, cobrir-te de espuma…

Deixa-me entrar… ser peixe no teu mar,
Pertencer ao doce universo do teu ser,
Temperar com terna loucura o teu viver,
Por outras galáxias contigo navegar…

Na facúndia noite ser a tua fac-simile,
Onde cada beijo teu vale por mil,
Ser luz na tua alma e minha alma iluminar.

Deixa-me ser o poema que te escrevi,
Pertencer ao teu mundo e por lá ficar.,..
Deixa-me entrar… e ser um tanto de ti!

2011 Olinda Ribeiro

quinta-feira, 10 de março de 2011

Naturalmente já sabes que por ti espero

Naturalmente já sabes que por ti espero,
Em cada passo que dou preparo a tua chegada,
Não choro os amores finados, outros virão,
E depois desses… talvez tu chegues… ou talvez não.
A minha alma sabe que para o teu regresso, ainda
Tenho muito que aprender sobre o amor,
Ainda chorarei e soltarei gargalhadas estridentes.
É que sabes meu amor quem ama, ama sempre.
E só te amo a ti, porque noutros amores te aprendi.
Como diz Florbela: - quem diz que pode amar alguém
Durante a vida inteira… é porque mente.
E eu não gosto de mentir.
Gosto sim de amar conscientemente.
E se repararmos só o remetente actual,
É que muda, o amor continua sempre a dirigir-se
Ao destino e objectivo que se propôs alcançar.
Por vezes temos a bênção do 1º amor permanecer,
Ao nosso lado, no trajecto da nossa curta existência.
Já que o mundo é composto de mudança…
E a vida um delicado movimento…
Serei boa aluna, atenta aos ensinamentos.
Por essa razão eu evoluo, vivo outros amores,
Enquanto espero por ti, … e quando chegares,
Estarei pronta e com as lições bem apreendidas.
Então sim viveremos plenamente,
O nosso amor em toda amplitude!

2011 Olinda Ribeiro

Sonhos com a lua

Oh lua vou contar um segredo,
Mas guarda-o só para ti,
Sabes que o sol o céu e as estrelas
Sonham contigo?
E sabes como descobri?
Porque as flores os mares e as árvores
Cheiram melhor quando há luar.

1966 (Lili) Olinda Ribeiro
Texto escrito quando fiz a 4ª classe e acreditava que o mundo era todo meu…
(Ainda acredito que o mundo é todo meu!)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Meu coração… aguarda a tua chegada…

Algures por aí nos havemos de encontrar…
Quem sabe até dar dois dedos de conversa…
Ou até repousar os nossos olhares no horizonte…
Não sei de mim… não sei de ti… mas acredito em nós…
Certezas tenho-as, vê como são evidentes… tu existes…
Eu espraio-me nos lânguidos momentos do sabor eterno…
Cheia de nuances rubescentes entrecortadas nas manhãs luzidias…
Por agora vou andando de salpico em salpico perfumado de jasmim…
Até já meu doce e futuro amor……….
E fica tranquilo… continuo a guardar-me toda para ti!

Olinda Ribeiro

quinta-feira, 3 de março de 2011

Todos… e um. Poetas da vida

Requintados eflúvios lançados no espaço sideral,
Sugerem mundos que cabem na alma dos poetas,
Sou eu, és tu, somos nós! Somos todos… um só!

Ascetas do sentimento maior. Poetas loucos.
Quebramos amarras, silenciamos medos,
Derrubamos morais imorais, somos sós.

Astros divinos inflamados flamejantes,
Sou eu és tu, todos nós… um só…...
Garganteio terno de amor imaculado.

Acompanhamos a loucura, loucos poetas,
Amamos incondicionalmente, do amor ascetas,
Silenciosa força culta que ao mundo irradia.

Calorosa luz iluminadora do existir.
Serenamente caminhamos há beira da vida,
Todos … um só!

Dilúvios essenciais pejados de luminescência.
Claras nascentes da mais límpida claridade,
Ricos somos sós… nós pobres poetas loucos!

Olinda Ribeiro