Os dias vagos saracoteiam-se em doces mornas
E a Sara encanta melodiosa e crioula
Os tons ecoam em diversos timbres
Os instrumentos dançam gingões e rútilos,
Várias raízes, uma só toada,
Voz quente sensual, forte, mas delicada.
Braços afinados elevam nas mãos o aplauso,
O som estocado dá o mote vibrato,
Sara tu és vida dourada bailando como trigo,
Quem te chama deserto?
Não sabe que quando cantas semeias sustento,
e teu corpo canela dolente ao a musica beijar,
está a escrever versos aos quatro elementos,
e os deixa suaves mates a harmonizar!
Quem te chama árida?
Nunca viu o talento de ti a brotar!
E se o teu jeito de menina faz de nós o que quer,
É porque em cima do palco tu és uma grande mulher!
(Silenciaste a multidão cantando à capela,
O estrondo foi tal que me senti levitar.)
Tu és plena de vida, és âmbar, és sândalo,
sons de África e do mundo inteiro,
os crioulos mareiam na tua voz… sentem-se orgulhosos,
embalo-me, e morno nas músicas que compões,
ao ouvir-te cantar…. Tão Sara tão fértil…
Sorrio… cúmplice… digo cá pra mim…
Deixá-los sonhar… a Sara é crioula…
é África é mundo …
a Sara é crioula…
mas cheira a Lisboa…
deixá-los mornar…
A Sara é crioula…
cheira a Lisboa….
cheira a Lisboa!
Mas cheira a Lisboa!
2012 Olinda Ribeiro
CCB -Sara Tavares - 23/02/2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Sara crioula... Mas cheira a Lisboa!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Soltas vão as palavras.
A paixão.
Ai a paixão…
É um dos condimentos da vida,
Ora agora chega, ora vai de partida.
Não poucas vezes é incerta.
Avassaladora chega, entranha-se,
Ao fim de um tempo, por vezes, estranha-se.
(Onde será que já ouvi esta?)
A paixão.
Novamente a paixão…
Choro, corro e rio,
Salto, grito, estou por um fio.
A vida é para ser vivida!
Sei que pareço um pouco louco
(e se calhar não é pouco),
MAS, não é essa a parte divertida?
A paixão.
Agora e sempre, a paixão!
Garra, vontade e euforia,
Tristeza, loucura ou alegria,
Amadurece lenta, no coração,
Espalha-se pelo corpo, de seguida,
Envolve-nos de forma aguerrida,
É prazer, sustento e emoção!
A paixão.
Eternamente a paixão.
Uma muito sã insanidade,
Que não se perde com a idade.
2012 Vasco de Sousa
Não roubarei mais sonhos para ti
Habitas nesse teu mundo de fantasia,
Em redoma vítrea foste protegido.
Pensas tu que compras sonhos e alegria?
Tocarás o Sol e soltarás um rugido?
Serás mesmo assim desde que nasceste?
Acima da justiça e da verdade?
Não sei em que parte é que te perdeste,
Terá sido em muito tenra idade.
É o tempo de te salvares desse mundo,
Caminha de volta para a realidade,
Já não roubarei mais sonhos para te dar.
Afasta-te desse teu coma profundo,
Acorda para a vida. De verdade!
É a maior dádiva a almejar.
2012 Vasco de Sousa
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Gosto muito de si
“Gosto muito de si… Caso a cegueira se generalize,
tranquilize na certeza que eu… eu,
jamais me esquecerei da sua riqueza! “
Vem cá brilhante estrela-d’alva,
Deixa que o teu amanhecer me ilumine.
Que um verso terno me mime,
E eu floresça rosa Malva.
Deixa-me banhar nos céus e nas marés,
Correr pelos sonhos azuis…
Ser como me vês e intuis,
E saber-te a mestra que És.
Doce fada que és minha madrinha,
E bafejas minha alma com condão,
Alivias a dor, acalmas-me o coração,
Mandas pra longe a tristeza minha!
Afinal és muito melhor poetiza que eu!
Dizes o mundo em poucas palavras!
Quem me dera ter essa sapiência:
Entender o que só almas puras entendem!
2012 Olinda Ribeiro
O peso do céu
O peso do céu. Sobre a minha cabeça.
Perdoa-me. É tudo o que eu quero.
Deixa entrar o cão que a chuva escorraça.
Deitado no chão frio, aqui espero.
Com saudade relembro a lareira quente,
Diz-me o vento que agora é tarde,
A autoestima abandonou a mente,
Exposto à mercê desta tempestade.
Agora à chuva tudo eu confesso.
Amaldiçoo aquilo eu que me tornei,
Tudo o que fiz e o que deixei de fazer.
Assim, contra mim escrevo. Estou possesso.
Despido de pudores, suplicar-te-ei:
Perdoa-me ! Eu farei por o merecer.
2012 Vasco de Sousa
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Não é saudade… É não esquecer…
Velejo, respiro, ao sabor da brisa,
Renascendo poesia em cada verso,
Sal, sol, urze, carinho disperso,
O gesto grato, e alguém ameniza.
Corpo e alma em camas de dor,
Fins-de-linha cansaço e sofrer,
Estendem sorriso para agradecer
Momentos ténues dados com amor.
Sinto-me parca, impotente, desleal,
Beijo de judas. A morte vem, eles vão,
Últimos carinhos… agradecem pelo fim…
Serenam, sorriem, partem… ponto final!
Perante tão belo quadro de Gratidão,
Silenciosa lágrima rola… choro por mim…
2009 Olinda Ribeiro
Porque sinto que todos continuam a velar por mim…
01 de Novembro de 2009