Um dia muito de mansinho amanheceste no meu coração.
Fazia muito tempo que já não sentia certas sensações.
E assim devagar devagarzinho… tropecei no desejo e nas ilusões.
Estava muito habituada à correria e azáfama de viver sem paixão.
Quis sonhar mais um pouco e acreditei que era possível ser feliz.
Permiti-me criar um mundo onde o importante éramos nós.
Esquecia por completo os outros mundos quando estávamos sós.
Descobri alegremente que tu eras tudo o que sempre quis.
E corria para os teus braços para os teus beijos para o sonho.
Era a recompensa por tantos anos de solidão e de labutas.
Olhava vaidosa para o espelho e via-me sempre bela e doce.
No teu carinho deslizei para a ternura de um futuro risonho.
Fechei os olhos abri o peito entreguei o sonho que desfrutas.
Hoje nada tenho excepto a ilusão que este sonho real fosse.
2011 Olinda Ribeiro (Linda)
menina bonita era assim que me chamavas…
e tola acreditei que me amavas…
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
… doce ilusão…
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Ainda vai a tempo
Não se perca de amor por mim…
Evite um profundo sofrimento,
Afaste-me do seu pensamento,
Amar sem retorno, é dor muito ruim.
Sei bem o que digo (padeço deste mal) …
O pensamento enleado em ilusões e anseios,
Divagando entre beijos, desejos, devaneios, …
Tamanha é a dor! Lavrada em terra sepulcral.
Não lhe desejo o sofrer, nem o desencanto,
Nem o quero lastimado pelo tormento.
Sei como me consome o fogo da paixão.
Lacrimejo afoita, como se lavasse o pranto…
As lágrimas teimosas correm peito adentro,
Teimam em encharcar de tristeza o coração!
2011 Olinda Ribeiro
sábado, 20 de agosto de 2011
Querida Avó velhinha
Como eu recordo esse lindo rosto,
Todo enrugado, como pergaminho;
Perder-te, foi para mim um desgosto,
Mas ensinaste-me na vida o caminho
Eras tão doce, tão rica no teu saber,
Analfabeta com teus riscos de carvão,
Riscados na lareira para ver…
Quem te devia, se já pagou ou não.
Pequenina, curvada, sempre a mexer,
Recordava suas ilusões e desenganos,
Amores e seus sonhos reprimidos…
Ensinava-me com amor o seu saber,
Dos seus maltratados noventa anos,
Que soam até hoje em meus ouvidos.
2011 Dora Pinto
Soneto enviado pela leitora, para publicação
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Aragem de verão
Um lindo céu estrelado que se agiganta,
Esta aragem morna que sopra e envolve,
Esta paz que a natureza me devolve,
Tal como um sonho que a mim se apresenta.
Olho o infinito com um ar sonhador,
Recupero as forças outrora perdidas,
Estou confiante em novas investidas,
Sorvo a beleza em todo o seu esplendor.
Aos poucos respiro a serenidade,
Reencontro-me a mim próprio novamente,
Partilho o mistério da criação.
Encaro a vida com seriedade,
Empurro meus velhos projetos para a frente,
Renasço com a brisa, a cada verão.
2011 Vasco de Sousa
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
A uma “jovem” amiga
Grito bem alto para que ninguém me oiça.
Não quero que alguém saiba como me dói,
As injustiças, maledicências, e como me rói,
A mágoa que em teu peito baloiça.
Tivesse eu pozinhos de perlimpimpim,
Daqueles que fazem verdadeira magia,
Soprava-os… e com eles te cobria,
Arrancando essa mágoa que não tem fim.
Punha na tua face um lindo e belo sorriso,
Enchia com muita alegria o teu coração,
Devolvia-te a esperança, enchia-te de ilusão,
Criava um sonho, inventava-te o paraíso…
Perdoa-me por ser tão fraca amiga…
Que nem sabe como te mitigar a dor,
Porém estou aqui com muito amor,
Ofereço-me para ser o porto que te abriga.
Sorri… manda lá para longe essa tristeza…
A vida é um bem precioso! Vive aproveita…
Podes não saber, mas a dor também se deita…
Quando ela adormecer… sorrirás… tenho a certeza!
Eu estarei aqui, (como sempre tenho estado)
E sorriremos juntas… lado-a-lado,
2011 Olinda Ribeiro
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Retrospectiva
Tem ternura pelo calor do lamento
Desabafa as coisas que oprimem
E até se consome com alento
Dores e tristezas que bem rimam
Arfando com afecto angelical
Geme delicada e quase silenciosa
Qual pranto deslizando em caudal
Entrega-se amante e preciosa
Nos langores arrebatados suspira
Nada há que a leve mais ao rubro
Quanto pode um momento delicado
E beijos e abraços que a unira
Em deslumbre e sereno lucubro
Abre os braços e recebe o seu amado…
2011 Olinda Ribeiro
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Entre poemas realizado…
E dar-me a ti,..amor é uma lenda
Do canto do conto enfeitiçado
Longínquas pinceladas em legenda
Do filme tórrido entre poemas realizado
Abrir a vida,..um gesto turvo que desagua
Num oceano repartido por metáforas
Palavras isoladas,..pedras soltas da rua
Apocalipse súbito,..desabar das diáforas
Labaredas fogosas da intuição. Sal,
Tempero dos suspiros indissolúveis
Romarias,..saltimbancos de feira, as emoções
Brado lapidado em puro e límpido cristal
O quântico canto badalado dos menestréis
Produzem meu amor um lago de Intenções!
2011 Olinda Ribeiro
… Do reverso ao verso!
Tal e qual um óvulo fertilizado,
Dá origem há aventura da gestação.
Assim eu percebi que o meu passado,
É uma dádiva repleta de informação.
Tenho que nascer do ventre no meu recurso,
Levar a sabedoria ao ponto zero,
Alterar a forma estática e o percurso,
Alinhavar o acto consumido do que espero.
Andar de gatas, balbuciar as primeiras palavras,
Abrir os braços, pedir colinho, fazer beicinho e birra,
Espernear, até conseguir arar terras bravas,
Semeá-las, colher o fruto, ignorando se me acirras…
Enquanto herdo a minha parte equitativa,
Interajo com as mudanças do crescimento,
O fardo insuportável, tem agora a perspectiva,
De se transformar num leve movimento…
Consequentemente o meu objectivo de nascer,
Já não é o padrão imposto pela tristeza,
É antes de mais a ânsia de crescer e apreender!
Reclamar para mim o direito desta riqueza.
Sabes… comi o pão fermentado na esperança,
E dentro do meu ser, a raiva, a mágoa, o desamor,
Não têm espaço, … pois voltei a ser criança…
E posso destruir o brinquedo que é a Dor!
2011 Olinda Ribeiro
“Aviso de colisão eminente”
A busca de um sonho não é consciente…
Começa por ser um grão de areia, um reflexo, ou
Simplesmente um arco-íris…
A ideia começa a tomar forma sem mesmo nos apercebermos…
Indomável, aos poucos, vai ocupando espaço, cor, som, e principalmente odor.
Ganha corpo! Instala-se, e muito subtilmente… apresenta-se!
Quando damos pelo desejo de sonhar…
… já o sonho nasceu, cresceu, atingiu a idade adulta…
Está maduro e pronto a ser sonhado…
……… ********** ………
Inocentemente entrei em cena…
Espevitada, reactiva, decidida a criar um sonho… melhor…
Decidida a sonhar!
E quando dei por mim… já o sonho me tinha embrenhada,
Já me tinha parido, e eu já estava comprometida até ao âmago…
Abri a mente, a alma, e entreguei o coração…
Ou antes… o coração já não me pertencia…
O que eu nem em sonhos poderia imaginar,
É que o sonho se apresentou com a tua pessoa,
Achei irónico, ri, desdenhei, e nem valorizei…
O que estava a sentir, a sensação de que
Estava tão embeiçada por ti… tão absorvida em negar-te…
Que me esqueci do fundamental!
É que o sonho comanda a vida!
E quando o sonho comanda …
É impossível… melhor … é inevitável …
Sonhar!
……… ********** ………
Agora explica…
Quem és tu para teres desligado o Sonho?
Quem te incumbiu da tarefa de me desligares do Sonho?
Sabes o quanto dei de mim… o quanto está dentro de mim…
Nem sequer é uma questão de sobrevivência…
Se queres saber, … nem sei qual o objectivo.
Só sei que tens que me voltar a conectar …
E se tu não o fizeres… não sei para onde pode derivar o sonho
É que um sonho não morre puro… e simplesmente.
(até hoje nunca ninguém conseguiu matar um sonho!)
Muito mais maléfico e terrível é a apatia de um sonho á deriva…
Ninguém pode, por muito científico que seja calcular a inconsequência
da consequência de um sonho derivado,
(não sei de amanhã, porque o amanhã ainda está muito longínquo…)
Mas hoje … aquela ideia de amar em união com o meu ser,
está a flagelar-me tanto,…. Tão intensamente…
que nem a minha rebeldia me apazigua!
Resultado: O sonho está em rota de colisão!
2011 Olinda Ribeiro